O dia em que Kleiton Domingues deixou de ser (apenas o) irmão de Leandro Domingues

PUTAQUEPARIU O EMBROMEICHON, CHON, CHON!
Mas, deixando a profundidade de lado, eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia, falando de jangada, que é pau que bóia. E nossa jangada é o futebol.
Assim, quando a moça do shortinho Gerasamba tá de calundu, sempre digo: “Minha nega, TPM é nada diante da angústia do goleiro na hora do gol. Aliás, tragédia maior ainda é a do cidadão que já tem alguém talentoso na família no mesmo ramo de sua atividade. Tem que matá-lo, como disse o tal psicanalista do primeiro parágrafo”.
Imaginem, por exemplo, companheiros de divã, quantas sessões de análise seriam necessárias para que o pobre do Edinho tirasse o peso de Pelé sobre suas luvas. Impossível tentar guardar a meta onde seu pai foi o maior artilheiro. Que infortúnio dos seiscentos!
Porém, nem só destas tragédias épicas, de rei e plebeus negros, vive o Ludopédio. O nosso pebolismo de cada dia também é feito de pequenos dissabores.
Então, conto-lhes brevemente a saga de Kleiton e Leandro.
Seguinte é este.
Mesmo que o Brasil não saiba, o menino Kleiton despontava celeremente para o anonimato porque não conseguia se desvencilhar de SÃO LEANDRO DOMINGUES, seu irmão, digamos assim, mais famoso.
E, talvez até por não conseguir se afirmar diante deste carma, o contrato de Kleiton, que vence agora no final do ano, nem foi renovado pela diretoria do Esporte Clube Vitória. E a perseguição não é só dos cartolas, não. Na semana passada, ele tinha sido vítima, mais uma vez, do ódio e do ressentimento da torcida Rubro-Negra porque não conseguiu se desvencilhar do fantasma do progenitor.
Inclusive, na semifinal do Nordestão, no Estádio Manoel Barradas, o cara que tinha a missão de comandar o time apenas seguia as indecentes ordens táticas. Aliás, não só ele. Nenhuma das promessas da base Rubro-Negra assumiu a responsabilidade de brilhar, de botar um toque de improviso ou genialidade nas quatro linhas, conforme já foi dito AQUI, Ó.
Mas, derivo. O fato é que, apesar de ter feito um dos gols do triunfo sobre o CSA, Kleiton não fez o que se esperava dele: Libertar-se da opressão do talentoso Leandro.
E quando tudo parecia perdido, eis que nesta última quarta-feira, Kleiton acordou com gosto de sangue na boca, com o desejo de matar o pai, no caso o irmão mais velho, para poder se afirmar. E decidiu fazer isso exatamente no jogo mais importante de sua vida : a final do Nordestão.
Assim, diante de um estádio completamente lotado e de um adversário que acabara de conquistar a Terceirona, o poderoso ABC de Natal, o menino Kleiton deu adeus à síndrome de coadjuvante. Além de um gol com a categoria da família Domingues, ele fez uma jogada no segundo tempo que espantou para sempre todos os fantasmas.
Seguinte foi este.
Tranquilo e infalível como Bruce Lee, Kleiton encarou o zagueirão abecedista e mostrou que craque pode fazer jogada bela sem firula. Assim, deu um leve toque entre as pernas do adversário, rumou para a grande área, deu outro drible desconcertante e com a generosidade dos grandes entregou a bola para Marconi mandar para as redes e carimbar o Tetra Campeonato do Nordeste para o Esporte Clube Vitória.
E, finalmente, nós, torcedores Rubro-Negros, que nem ansiamos mais por título, conquistamos a glória máxima: Vimos nascer uma estrela do Ludopédio exalando a pureza de quem ainda não foi conspurcado pelo vil metal. Neste ano de tantos desacertos, esta foi a nossa vingança. E a vingança de Kleiton.
P.S Esta homilia vai dedicada para a galera que falou comigo ontem lá no Dia do Samba, Leo Negão, Edson da Lapinha e outro sacana que tava com uma filhinha linda, mas que não me lembro o nome.
0 comentários:
Postar um comentário